“Conforme já explanado”: por que você deveria abolir esse tipo de frase do seu texto jurídico

Tabela de conteúdo

Escreva menos. Comunique mais. Clareza também é técnica.

O cansaço do leitor começa na repetição desnecessária

Você já escreveu ou leu uma petição com frases como:

  • “Conforme já explanado alhures…”

  • “Destarte, à luz das ponderações retro mencionadas…”

  • “No que tange aos fatos supracitados…”

Esse tipo de linguagem, cheia de “adornos técnicos”, passa a impressão de formalidade — mas entrega exatamente o oposto: um texto truncado, redundante e cansativo.

Se você quer que sua redação jurídica seja respeitada, lida com atenção e compreendida de forma precisa, precisa abandonar esse tipo de construção.

O que são cacoetes linguísticos jurídicos?

São expressões decoradas, repetitivas e vazias, que surgem no texto mais por hábito do que por necessidade real. Muitos profissionais usam por acreditar que “é assim que se escreve no Direito”. Só que não é.

Essas expressões não acrescentam conteúdo, não orientam o leitor e não fortalecem o argumento. Elas apenas incham o texto.

“Conforme já explanado”: o clássico que ninguém sente falta

Vamos analisar essa frase:

“Conforme já explanado”

O que ela tenta fazer: retomar uma ideia já apresentada.
O que ela realmente faz: repetir um ponto com palavras rebuscadas e sem clareza.
O problema: “explanado” é um verbo pouco usado fora do juridiquês. E “conforme já” é uma construção redundante. O leitor precisa de orientação clara, não de floreio.

Como reescrever de forma clara e técnica

Aqui estão formas de retomar uma ideia sem cair no clichê:

 

Frase fraca Reescrita clara
Conforme já explanado Como já exposto / Como demonstrado
Conforme já mencionado acima Como visto no item 2
Conforme alhures delineado Conforme detalhado anteriormente
À luz do que foi explanado Com base no que foi exposto

Dica estratégica:
Evite retomar ideias genéricas. Prefira fazer referências objetivas a partes do texto.

Exemplo:
“Conforme demonstrado no tópico anterior, a ausência de notificação prévia caracteriza falha na prestação do serviço.”

Menos é mais. Inclusive no Direito.

Reduzir esse tipo de expressão:

  • Torna o texto mais direto e escaneável

  • Ajuda o leitor a compreender a lógica argumentativa com mais facilidade

  • Economiza tempo do julgador ou da banca, o que pode influenciar positivamente na decisão

Você não perde autoridade ao escrever com clareza. Você constrói.

Checklist para identificar e cortar cacoetes jurídicos

Antes de entregar ou publicar seu texto jurídico, revise com atenção:

  • Usei alguma expressão vaga ou rebuscada para retomar ideias?

  • Há palavras que poderiam ser substituídas por versões mais claras?

  • O leitor consegue acompanhar meu raciocínio sem tropeçar em frases decoradas?

Se respondeu “sim” para a primeira, e “não” para as outras, é hora de revisar com mais intenção.

O Direito muda. Sua escrita também precisa mudar.

A linguagem jurídica não precisa ser opaca para ser técnica. Frases feitas como “conforme já explanado” pertencem a um modelo de escrita que se sustenta em tradição — não em estratégia.

Escreva para ser entendido, não para impressionar. Clareza comunica. Clareza convence. Clareza conquista.

Precisa de ajuda para revisar seus textos com foco em clareza e impacto?

Agende uma sessão estratégica conosco e transforme sua escrita jurídica com orientação profissional.

Confira também...